sábado, 26 de julho de 2025

RECORDANDO UMA EXPOSIÇÃO DE HÁ 25 ANOS

A Galeria Monumental publicou a sua lista de Exposições 1986-2024 (em actualização) aqui [é só clicar que vão lá dar].
Recordo com nostalgia e alegria a minha exposição individual nessa histórica galeria no mágico e já distante ano de 2000. 
E é com honra e prazer que passo os olhos pela plêiade de excelentes artistas que também lá expuseram ao longo destes quase 40 anos.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

DO SANTO DO DIA E NÃO SÓ

No dia em que completou 30 anos de idade — 25 de Julho de 1139 —, D. Afonso Henriques derrotou os mouros (árabes muçulmanos) na Batalha de Ourique.
Era dia de Santiago (S. Tiago Maior, Apóstolo) e Cristo apareceu ao nosso Rei.
A festa do santo, o aniversário real, a batalha e o milagre assinalam-se hoje, portanto. 

OS DOIS LADOS DA BOA MOEDA LUSITANA

Os portugueses oscilam ao longo da vida entre um estado de espírito lírico — contemplativo, bucólico, poético — e um estado de espírito épico — activo, aventureiro, conquistador. Característica bipolar esta que bem doseada é uma extraordinária qualidade. Para mal dos nossos pecados a pátria parece ter atrofiado a sua dimensão épica e encontra-se em modo lírico há décadas.

DOS LIVROS

Em tempos que já lá vão, iniciei no blogue uma série de mensagens intitulada «LIVRO PARA HOJE». Cheguei a passar a centena dessas publicações. Depois, fartei-me (coisa boa desta brincadeira muito séria da blogosfera é escrever sobre o que quero e quando me apetece). Essa rubrica tinha uma dupla utilidade (uma externa e outra interna): os meus caros leitores tinham assim acesso a fichas técnicas dos livros e, ainda, em alguns casos, a pequenos esquissos, da minha autoria, à laia de recensão crítica, sobre os mesmos volumes; e, este vosso escriba ficava com fichas bibliográficas online (mais fáceis de guardar que em papel) dos livros da biblioteca. Toda esta arengada serve para anunciar que sinto vontade de ressuscitá-la, continuando a construção da referida coluna.

DOS CLÁSSICOS

Um clássico é um modelo de um objecto (duma caneta, dum cinzeiro, casaco, moto, carro, chapéus, sapatos, etc.) que, embora haja épocas em que deixe de estar na moda, voltará sempre a usar-se, devido à sua qualidade estética ser intemporal.

ELOGIO DA ARTE DA MÚSICA EM FORMATO ÁLBUM DE VINIL

Com o fim do álbum de vinil perdemos uma obra de arte completa, o belo grafismo das capas, a hora de música em duas partes, o som quente e as letras das canções escritas em papel. 
Haja esperança, pois parece que está a voltar...

sexta-feira, 18 de julho de 2025

DO LUAR

O luar é azul em Chateaubriand e Victor Hugo, amarelo em Beaudelaire e Leconte de Lisle. Cá para mim — crescente, cheia ou minguante —, a luz da Lua será sempre prateada.

DAS NOVAS FORMAS DE CONSERVAR A TRADICIONAL ARTE DE CONVERSAR

Durante anos a fio — os da saída da adolescência e de entrada na idade teoricamente adulta —, andei sempre com um caderno de bolso de capa preta dura e folhas brancas lisas metido na algibeira do blazer, ou do blusão de cabedal, ou na mão, estivesse eu num café, num cinema, numa tertúlia, num concerto, num fim-de-semana alucinante, ou numa viagem distante. Na sequência deste hábito, possuo dezenas deles guardados; mas, não convenientemente organizados. Tenho a clara sensação que ganharei em lê-los com bastante distância temporal, e sei que me surpreenderei quando o fizer. Só espero não me assustar com o que lá vier a ver quanto lhes puser de novo os olhos em cima. Anseio sim por lá encontrar registadas sínteses das melhores conversas que tive nesses anos.
Aqui no blogue — bloco de apontamentos dos novos tempos digitais —, a coisa processa-se de diferente maneira; pois, todos os santos dias pomos a escrita em dia e deitamos conta à vida, através das mensagens anteriores e do arquivo (sempre à mão de semear). Acresce ainda a isto, muito especialmente, a interacção com amigos que nos enriquecem com oportunas trocas de opiniões feitas por computador, telemóvel, ou ditas de viva voz — por vezes até ao vivo e a cores (as melhores, porque mais saborosas). Desta forma, lançando pontes, trata-se já de conversar — essa superior arte que permite estabelecer e definir afinidades.
À laia de remate, posso dizer que consegui assim colocar ao meu serviço os modernos canais de comunicação à distância, tendo no entanto a certeza de ser o tradicional contacto directo e de proximidade o fim que justifica a utilização destes novos meios.

CULTURA E DEMOGRAFIA

Gramsci, no século passado, chamou a atenção para a importância da cultura. Maomé, in illo tempore, definiu o papel decisivo da demografia. Ambos, hábeis políticos que eram, tinham razão; e, na realidade, a combinação dos dois factores revelou-se sempre determinante, ao longo dos tempos, para o sucesso de qualquer projecto geopolítico. Nações e impérios expandiram-se enquanto dominaram estes vectores e caíram quando deixaram de o fazer. Atendendo a que «o fim da História» afinal ainda não aconteceu, nem tampouco se deu ainda «o choque das Civilizações», as lições deles voltam a estar na ordem do dia.
E a conclusão é, portanto, simples: a civilização que tiver mais crianças e que conseguir educá-las nos seus valores acabará, mais tarde ou mais cedo, inevitavelmente, por triunfar; e, desta, vez, talvez seja para todo o presente milénio. É uma óbvia constatação de realpolitik.
Para mal dos nossos pecados, a Europa cristã definha, dia após dia, a olhos vistos, em ambas as coordenadas.

DA ARQUITECTURA E DO PAISAGISMO DE LISBOA

Urge que as alvas calçadas da bela cidade branca avancem em largura sobre o negro alcatrão das estradas e que nelas sejam plantadas árvores.

DA FILOSOFIA PRÁTICA

Releio a obra Die Spatziergänge oder die Kunst spatzieren zu gehen, de Karl Gottlob Schelle, na edição francesa, da Rivages Poche / Petit Bibliothèque, intitulada l'Art de se Promener, e prefaciada e traduzida por Pierre Deshusses.
A propósito: quando é que em Portugal se começam finalmente a fazer edições boas para o bolso e para a bolsa? Por enquanto, de um modo geral, costumam ser feíssimas e caríssimas.
Este livrinho, escrito em 1802 por um amigo de Kant e correspondente de Goethe, permanece para mim como o mais útil manual da arte de bem passear (não confundir com as famigeradas caminhadas e corridas). Dúvidas houvesse e ficaria demonstrado neste pequeno ensaio que a simples prática física do passeio, de preferência feito em boa companhia, propicia prazer estético, ao mesmo tempo que nos transporta a uma elevada dimensão espiritual.

QUANDO CERTAS COISAS MUDAM JÁ NADA FICARÁ NA MESMA

Duas coisas se perdem neste meio de comunicação. Meio de comunicação porque é de pôr em comum que se trata; pois, embora escreva estas notas soltas ao correr do teclado como se de um diário pessoal secreto se tratasse, sei bem que os meus estimados leitores estão aí desse lado. Afinal, é como se deixasse o caderno de apontamentos propositadamente esquecido na mesa do café, ou no compartimento do comboio, e ficasse escondido a observar, para poder ter, desta forma, duplamente, o perverso prazer voyeur de ver alguém pegar nele e lê-lo — atitude  que, vice-versa, por educação e pudor, nunca teria em relação ao de outrém.
Dizia que duas coisas se perdem nesta «escrita à máquina» na «rede global»: são o tom e a caligrafia. O primeiro, vai todo pelo som e é o núcleo fundamental da linguagem oral, na medida em que reforça — ou cria, até, em certos casos — o verdadeiro significado das palavras. A derradeira, será a caligrafia. Sobre esta, múltiplas análises podem os especialistas produzir. Para já, constato com tristeza que está em vias de extinção. É portanto com nostalgia que deito os olhos a cartas escritas à mão, redigidas ainda na boa tradição epistolar —  registo literário por onde passou tanta correspondência dos nossos antepassados: assim se namorou, se relataram viagens, se fizeram negócios, se participaram casamentos e nascimentos, se tomaram decisões privadas e públicas. Assim se fez História. E a grafologia não deixava mentir...
Vem tudo isto a propósito (ou a despropósito) de ter descoberto, qual sinal da idade, que a minha letra está a mudar.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

DO VÍDEO, DA FOTOGRAFIA E DA ALQUIMIA

Existe um texto com quase 26 anos de idade que permanece ainda hoje como fonte principal de iniciação teórica ao trabalho de criação artística de João Marchante. Aqui o tendes, à distância de um clique:

Imediatamente antes, por Leonor Nazaré.

sábado, 5 de julho de 2025

DA BELEZA E DO BEM

Quem espera, encontra e cultiva estes supremos valores em epígrafe são os aristocratas do gosto e do espírito. Como recompensa têm efémeras sensações de serenidade e de felicidade, resultantes precisamente do vislumbre da beleza e do bem. É a verdade a revelar-se.

DAS ESTATÍSTICAS DO BLOGUE DOS ÚLTIMOS 15 ANOS

O recém-terminado mês foi o 4.º Junho com mais visualizações (16.528) desde o ano de 2010. Uma média diária de 550, portanto. Não ganho nada com isto, como se sabe. Mas não posso deixar de agradecer aos meus leitores.

terça-feira, 24 de junho de 2025

IMAGENS-EM-MOVIMENTO-EM-ESCRITA-AUTOMÁTICA-DE-TERCEIRO-GRAU-DE-2025-2026

Vigo-Monteiro-Truffaut-Jarmusch-Carax-Rivette-Wong-Wenders-Vadim-De Palma-Warhol...

Nota editorial: post actualizado aos 26.7.25.

AINDA DA OLISSIPOGRAFIA (SIM, ESCREVO ASSIM, COM DOIS SS)

Lisboa Desaparecida, de Marina Tavares Dias, 9 Volumes, Quimera Editores, Lisboa, 1987-2007.

Obra fundamental. Não para botar figura em cima de uma mesa moderna na sala-de-estar. Nem para ficar a ganhar pó na estante. Mas sim para se ler de um só fôlego toda de seguida várias vezes ao longo da vida.

LISBOA NA LITERATURA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA

Jardins Secretos de Lisboa, de Manuela Gonzaga, Colecção Holograma, Âncora Editora, Lisboa, Novembro de 2005 (2.ª edição).

Cacei-o em tempos no meio de uma pilha de livros usados num alfarrabista e confesso que gostei imenso de viajar por Lisboa e pela História de Portugal através do primeiro romance desta portuense. Vou relê-lo. Não é tarde nem é cedo.

«JUNHO CALMOSO, ANO FORMOSO»

A sabedoria popular descamba amiúde no registo piroso, como se vê neste ditado, mas acerta sempre.

UM DIA ESPECIAL

2 A. C. — Nascimento de São João Baptista.
1128 — Batalha de São Mamede — Fundação Nacional.
1360 — Nascimento de Dom Nuno Álvares Pereira / São Nuno de Santa Maria.

DO AR DOS TEMPOS

Durante séculos a fio a fidalguia distinguia-se pela acção, hoje em dia reconhece-se pela descontracção. 

sábado, 14 de junho de 2025

LEMBRETE

Hei-de aqui vir dissertar sobre o desfile de moda enquanto superior forma de arte. Por enquanto, fica o lembrete.

DO ELEGANTE BALANÇO FEMININO

O mais belo espectáculo do mundo consiste simplesmente numa mulher que saber pisar a caminhar num boulevard.

Nota: Antes de ser apodado de snob aviso já que esta ideia se aplica transversalmente a todas as classes sociais.

A PAISAGEM É PARA SE VER E NÃO PARA SE COMER

Num delicioso almoço rústico, mas requintado, numa mágica serra portuguesa, onde se encontravam pessoas de várias gerações, uma simpática e prestável jovem aproxima-se dum solitário cavalheiro  de outras eras e pergunta-lhe:  
-- Então, o tio está aqui sozinho?
-- Estou a contemplar a paisagem.
-- Quer que lhe traga uma salada, para acompanhar a feijoada?
-- Não, obrigado, nunca como a paisagem. 
Foi uma das coisas mais extraordinárias que ouvi e não podia deixar de a partilhar aqui assim com os meus leitores.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

DA HORA MÁGICA

Momento que acontece imediatamente antes do pôr-do Sol e que gera uma alquímica luz dourada. 
Instante propício ao pensamento mas também à acção.
Cá para mim, tempo ideal para observar a Natureza ou fotografar a natureza humana.